Os ataques ocorreram em determinadas áreas da cidade e em um campo adjacente de deslocados, e existe a preocupação de que o número real de civis mortos possa ser ainda maior, afirmou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, ressaltando que, na mais recente onda de assassinatos de civis, 16 dos casos parecem ser execuções sumárias.

De acordo com informações coletadas pelo gabinete de Volker Türk, a maioria das vítimas foi morta no campo de Abu Shouk — um dos dois campos de deslocados próximos a Al-Fashir — e pertenciam à tribo africana Zaghawa.

“Em outro caso, na área de Al-Fashir, perguntaram a uma vítima a que tribo ela pertencia. Após responder que era da tribo africana Berti, foi morta”, observou Türk, levantando suspeitas sobre um aumento da violência motivada por questões étnicas.

Outras denúncias recebidas pelo Alto Comissário no local sugerem que, em ataques ocorridos no dia 16 deste mês, pelo menos 40 homens, que eram deslocados internos, foram sequestrados.

“A situação humanitária em Al-Fashir alcançou um ponto crítico após mais de um ano de cerco”, denunciou Türk, acrescentando que “existe um risco crescente de fome tanto na cidade quanto em outras áreas do Darfur do Norte”.

Nesta região, a fome se intensifica e os comboios humanitários que transportam ajuda para a população são frequentemente alvo de ataques.

Na quarta-feira, um comboio humanitário da ONU, composto por 16 caminhões com alimentos, foi atingido por bombardeios aéreos em Mellit, Darfur do Norte, resultando em danos a três dos caminhões.

A guerra no Sudão, que começou em 15 de abril de 2023, provocou dezenas de milhares de mortes e deslocou milhões de pessoas, tornando o país o cenário da “pior crise humanitária”, segundo a ONU.