CEO da Casais solicita agilidade na preparação de terrenos para construção

O CEO do grupo Casais defende que o pacote de medidas do Governo para enfrentar a crise da habitação precisa incluir regras que tornem mais ágil a preparação de terrenos para construção. António Carlos Rodrigues observa que há solo disponível no mercado, mas o processo de instalação de infraestruturas resulta em perdas de oportunidades de negócio.
“É necessário reconhecer que, para qualquer projeto em um terreno, é fundamental ter infraestruturas (água, eletricidade, gás, vias, saneamento). Assim, o número de entidades que um privado tem de envolver no processo de loteamento é imenso. A incerteza na parte da infraestruturação do solo é tão grande que muitas vezes já perdemos a janela de oportunidade no mercado antes de iniciarmos a construção”, explica o CEO da Casais ao ECO.
António Carlos Rodrigues solicita ações “que acelerem o processo de disponibilização — especialmente nos municípios e no patrimônio do Estado — de solo já com infraestrutura.” “Os municípios devem agir para desenvolver e colocar no mercado solo e infraestrutura prontos, permitindo que o promotor, seja privado ou público, possa iniciar a construção de maneira mais eficiente”, reforça, em declarações feitas durante a conferência do ciclo Connect to Build, que ocorreu na quarta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Em resposta a questões sobre o plano para o patrimônio do Estado, que prevê vendas em hasta pública e parcerias público-privadas, o CEO da Casais lembra que se trata de uma tentativa anterior que não obteve sucesso, sublinhando a necessidade de “passar do anúncio à prática”.
“Esse desejo já foi expresso anteriormente, mas não conseguimos implementá-lo, devido ao grande número de entidades envolvidas, cada uma com seu nível de autonomia. Frequentemente, a decisão é política, mas falta transformá-la em ação e comunicá-la a cada um dos organismos que realmente possuem essa propriedade”, recorda o engenheiro.
Sobre a linha de crédito de 1.340 milhões de euros assinada com o Banco Europeu de Investimento (BEI), António Carlos Rodrigues a classifica como “importante” e fundamental para desbloquear o capital necessário. Para as autarquias, isso viabilizará o atendimento às necessidades habitacionais em um prazo mais extenso, até 2030, enquanto a meta do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) era junho de 2026.
“Produzir habitação é um ativo a longo prazo. Se precisamos construir agora para atender à necessidade imediata, devemos injetar mais capital no mercado, cientes de que serão compromissos de 20 ou 30 anos. Não podemos nos basear nas disponibilidades dos municípios e nas rendas pagas ao longo de 30 anos; por isso, esse financiamento é essencial para acelerar a execução dos projetos”, afirma o CEO da Casais.
O tema foi também abordado por Gonçalo Regalado, CEO do Banco Português de Fomento, que destacou que esse empréstimo e as garantias de 2.500 milhões de euros foram dois dos cinco instrumentos de habitação a serem lançados até o final do ano. “Nosso objetivo é que os bancos comerciais financiem mais habitação privada e pública, proporcionando segurança aos gestores e promotores imobiliários”, afirmou.
Por outro lado, Álvaro Santos, fundador e sócio-gerente da consultora Agenda Urbana, possui uma opinião divergente, considerando que a linha de financiamento com o BEI para habitação acessível é “uma gota no oceano de necessidades”. Mesmo assim, o empresário e especialista em reabilitação do patrimônio aplaude que as “medidas anunciadas no Conselho de Ministros servem para corrigir falhas e acelerar pagamentos do PRR”. Ele ressalta que Portugal possui “capital, capacidade construtiva, inovação e empreendedorismo,” e que o país precisa apenas de uma “máquina pública ágil”.
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