Os contribuintes em Portugal poderão pagar menos em IRS no próximo ano, graças à atualização dos escalões e ao alívio de algumas taxas desse imposto. Por exemplo, um solteiro sem filhos com um salário bruto mensal de 1.500 euros poderá economizar cerca de 25 euros ao longo do ano, conforme simulações realizadas pela EY para o ECO. Para os que recebem 2.500 euros, 3.000, 4.000 ou 5.000 euros, a expectativa é que o “ganho” no rendimento líquido seja em torno de 63 euros.

Conforme a proposta do Orçamento do Estado para 2026 – que foi apresentada esta quinta-feira na Assembleia da República –, os escalões de IRS sofrerão uma atualização de 3,51% no próximo ano, como já era esperado.

Essa alteração resulta do mecanismo automático estabelecido na lei desde 2024, que se baseia na evolução da produtividade e da inflação.

Considerando que o referencial para os aumentos salariais do setor privado, acordado em Concertação Social para 2026, é superior a essa atualização automática (4,6% contra 3,51%), fiscalistas consultados pelo ECO destacaram que o Governo poderia expandir as medidas além do mecanismo previsto na lei. No entanto, o Executivo decidiu manter apenas a atualização de 3,51%.

Além dessa atualização, 2026 trará um novo alívio nas taxas de IRS. As taxas entre o segundo e o quinto escalões de rendimento serão reduzidas em 0,3 pontos percentuais (p.p.). Dessa forma, o segundo escalão ficará com uma taxa de 15,7%, o terceiro de 21,2%, o quarto de 24,1% e o quinto de 31,1%.

Essa redução não é novidade, uma vez que no verão passado o Parlamento aprovou um diploma que diminuiu as taxas de IRS do primeiro ao oitavo escalão, estabelecendo o compromisso de que na proposta do Orçamento do Estado para 2026, o Governo sugeriria uma redução adicional de 0,3 pontos percentuais para os quatro escalões mencionados.

Com base nessas duas medidas (a atualização dos escalões e a nova redução das taxas), a EY preparou um conjunto de simulações para o ECO, mostrando a economia que os contribuintes podem esperar em 2026 em comparação com os escalões e as taxas atualmente em vigor (que já são mais favoráveis do que aquelas aplicadas no início deste ano).

<pVamos analisar alguns casos práticos. Um solteiro sem filhos e um salário bruto mensal de 1.500 euros terá que pagar 2.546,80 euros de IRS em 2026. Com as taxas e escalões atuais, a fatura anual é de 2.571,38 euros, o que implica que, no próximo ano, a economia total será de 24,59 euros.

Se compararmos o IRS de 2026 com o que o contribuinte pagaria ao Fisco em 2025, caso os escalões não tivessem sido atualizados no verão, a economia seria ainda mais significativa, em torno de 58 euros.

Quanto a um solteiro com um filho e um salário bruto mensal de dois mil euros, a economia prevista para 2026 é de 45,59 euros em relação às taxas atualmente em vigor, segundo a EY. Em comparação com as taxas que estavam em vigor no início do ano, o “ganho” no rendimento líquido ultrapassa os 151 euros, conforme indicado pela EY.

No caso de casais, considerando um agregado com dois titulares, sem filhos e com 2.500 euros de salário por titular, a economia total esperada para 2026 é de 126,3 euros (63,17 euros por titular) em comparação às taxas de IRS em vigor atualmente. Se a redução do verão não tivesse ocorrido, o “ganho” no rendimento líquido seria de 407,49 euros (cerca de 204 euros por titular).

Da mesma forma, um casal (dois titulares) com um filho e cinco mil euros de salário por titular deverá contar com uma economia similar no próximo ano, conforme as contas da EY: 126,3 euros no total ou 63,17 euros por titular, em comparação às taxas vigentes atualmente.