Herança cultural está “subutilizada” e a responsabilidade é dos governantes que “desconhecem

Se os responsáveis políticos pela cultura realmente conhecessem o setor, os 38.500 bens de património cultural em Portugal seriam mais bem aproveitados pela população. Essa afirmação é defendida no podcast EuranetPlus por Catarina Valença Gonçalves, empresária e coordenadora de programas acadêmicos na área da revitalização patrimonial, que critica a ausência de uma estratégia nacional nesta área.
“Temos visto muitos responsáveis políticos, frequentemente vindos de outras áreas, que estão distantes dessa dimensão do património cultural, que é vasta e complexa. Sem conhecimento, é difícil definir estratégias. Embora possam se cercar de especialistas, o património cultural apresenta uma série de desafios e obstáculos, mas também oportunidades”, argumentou.
Em Portugal, existem cerca de 38.500 bens de património cultural, sendo aproximadamente 4.500 classificados. Apesar das muitas distinções nacionais e internacionais, como os selos da Unesco, representantes do setor continuam a reclamar sobre a falta de investimento e o desaproveitamento do património material e imaterial, que pode estar em risco.
Conforme a análise desta especialista, a chave para mudar essa situação reside na criação de uma estratégia nacional em favor do património, que deve começar por identificar a “funcionalidade” dos monumentos e museus: “Para que serve? Na França, não se pode realizar nenhuma intervenção sem definir qual será o uso do bem que será recuperado”.