Incêndios: PCP critica Governo por priorizar imagem em detrimento das populações

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O PCP criticou, esta sexta-feira, o Governo por priorizar sua imagem em vez de se preocupar com as populações, solicitando a efetivação dos apoios anunciados e a valorização da carreira dos bombeiros.
“A declaração do primeiro-ministro demonstra uma preocupação maior com a sua imagem e a do Governo do que em responder aos problemas que afetam as populações”, afirmou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, em declarações na Assembleia da República, em resposta à conferência de imprensa de Luís Montenegro ocorrida na quinta-feira após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros em Viseu.
Paula Santos argumentou que, se o primeiro-ministro estivesse realmente “preocupado com as populações”, não teria “cortado 114 milhões de euros no investimento na floresta no âmbito da reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC)” no ano passado.
Em relação às medidas aprovadas na reunião extraordinária do Conselho de Ministros, ela destacou que os apoios anunciados para as comunidades, agricultores e pequenos produtores florestais precisam ser “efetivamente concretizados”.
“Ao longo dos anos, em resposta a incêndios, temos visto muitas medidas sendo anunciadas. Muitas vezes, são implementadas tardiamente e muitas não se concretizam”, disse Paula Santos, acrescentando que, além dos apoios, são necessárias ações para estabilizar os solos.
<pQuanto ao plano de gestão florestal que foi anunciado pelo governo, Paula Santos mencionou que já havia sido proposto anteriormente e expressou que já ouviu muitos planos de Governos do PSD/CDS e do PS, ressaltando a necessidade de implementação com investimento na floresta, valorização do campo e reordenamento florestal.
Ela insistiu que estas questões estão “identificadas há bastante tempo”, lembrando que, após os incêndios de Pedrógão Grande em 2017, uma comissão técnica independente fez uma série de recomendações que não foram seguidas.
A líder parlamentar do PCP também defendeu a necessidade de uma “nova abordagem ao sistema de Proteção Civil”, ressaltando que é essencial reforçar os recursos de combate a incêndios, especialmente em relação aos meios aéreos e que se aproveite o momento atual para valorizar a carreira dos bombeiros.
“O PCP já apresentou um projeto de lei nesta legislatura para reconhecer os bombeiros como uma profissão de desgaste rápido. Não podemos [apenas] lembrar e valorizar os bombeiros apenas quando eles estão em ação. Isso deve se refletir no seu cotidiano”, argumentou.
Quando questionada se considera que o Governo deveria ter decretado o estado de calamidade, uma possibilidade que Luís Montenegro descartou, Paula Santos respondeu que há uma “grande indignação” entre as populações e autoridades locais, defendendo que é uma possibilidade que deve ser considerada “quando necessário”.
Desde julho, Portugal continental tem enfrentado diversos incêndios rurais de grande escala, principalmente nas regiões Norte e Centro.
Os incêndios resultaram em três mortes, incluindo um bombeiro, além de feridos, alguns em estado grave, e destruição total ou parcial de casas de primeira e segunda habitação, explorações agrícolas e pecuárias, bem como áreas florestais.
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