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Lisnave: Potencial Total para Vencer o Concurso e Manter a Operação dos Estaleiros da Mitrena

Lisnave: Potencial Total para Vencer o Concurso e Manter a Operação dos Estaleiros da Mitrena

Sendo já quase certo que o Governo não vai aceder aos pedidos da Lisnave, atual concessionária dos estaleiros da Mitrena, em Setúbal, a empresa garante que vai participar no novo concurso de concessão a partir de 2027. “Temos todas as valências para ganhar e continuar a operar o estaleiro”, confia Luís Braga, diretor comercial da Lisnave.

“O atual contrato [da Lisnave] termina em 2027. Quando o Governo diz que não vai haver uma prorrogação e que vai haver um concurso — pelas notícias já se lê que será um concurso internacional –, nós vamos estar lá para concorrer e com esperança de ganhar,“ realçou o responsável, questionado sobre o fim da concessão dos estaleiros durante um debate dedicado à indústria naval no âmbito da Porto Maritime Weekend, em Matosinhos.

Num tom irónico e fazendo referência a uma notícia do Observador, o diretor comercial da Lisnave aludiu a “uma empresa que era considerada um ativo tóxico e hoje é tão apetecível“. Nos últimos meses, houve várias notícias a dar conta de possíveis interessados em concorrer aos estaleiros da Mitrena, um ativo que desperta grande interesse, num momento em que a construção e reparação naval estão numa fase de crescimento.

A Martifer, que detém a West Sea, responsável pelos estaleiros de Viana do Castelo, mas também o empresário Mário Ferreira, da Douro Azul, já admitiram publicamente o interesse nos estaleiros atualmente explorados pela Lisnave.

Segundo o diretor da Lisnave, as indicações até agora apontam para um concurso internacional, com Luís Braga a pedir que sejam preservados os “interesses nacionais”. “Espero que seja dada importância ao panorama nacional,” defendeu.

Sobre as bases do novo concurso, que não acredita que seja lançado em 2027 — “o caderno de encargos não é fácil de elaborar, é algo que vai demorar tempo” —, Luís Braga lembra que “o estaleiro, neste momento, não permite construção, mas num novo contrato de concessão, a construção faz parte do leque de atividades“, explica. “A Lisnave, neste momento, não constrói porque não pode,” reforça.

A possibilidade deste estaleiro, que repara entre 80 e 100 navios por ano, passar a construir navios é uma possibilidade que tem sido referida pelos vários interessados na concessão atual da Lisnave.

Depois de um 2023 com valores recorde, a Lisnave fechou o ano passado com um lucro de 6,4 milhões de euros, menos 60% que em 2023, perturbada pelas obras internas. Apesar da quebra, Luís Braga descreve que “2024 foi um bom ano”.

Em termos de estratégia futura, o responsável afirma que os estaleiros estão a “apostar fortemente” no mercado de transporte de LNG (Gás Natural Liquefeito), como combustível de transição. Por outro lado, são “especialistas no shuttle tanker [navios que transportam petróleo]. “Em 2023, fomos o estaleiro que mais reparou navios deste tipo no mundo,” realçou.

Com a atividade de construção e reparação naval a fervilhar, a West Sea, empresa da Martifer que gere os estaleiros de Viana, não tem mãos a medir, com novos contratos no exterior e cá dentro. Incluindo um contrato para construir seis navios patrulha para a Marinha portuguesa por 300 milhões.

Sem capacidade para responder a todos os pedidos, Viana já teve de recusar encomendas. “Vieram-nos bater à porta para construir navios de cruzeiro para o rio Douro, porque a West Sea não tinha capacidade,” adiantou Bruno Costa, acionista da Atlantic Eagle, empresa que detém estaleiros na Figueira da Foz.

A responder a uma das dificuldades sentidas pelo setor, ao qual são pedidas garantias bancárias demasiado elevadas, o responsável concordou com Renato Afonso, da West Sea, que pediu o apoio do Governo para ser o “amparo” do setor nas garantias bancárias. “Muitas vezes pedem-nos garantias que são as que temos quase para o grupo todo,” relatou.

Podia estar a construir no Mondego navios de cruzeiro de 80 metros e esbarrámos nas garantias bancárias. Perdemos um contrato de dezenas de milhões de euros por causa disto.

Para Bruno Costa, a incapacidade de responder a “garantias bancárias brutais” impediu a empresa de aproveitar uma oportunidade de ouro. “Neste momento, podia estar a construir no Mondego navios de cruzeiro de 80 metros e esbarrámos nas garantias bancárias. Perdemos um contrato de dezenas de milhões de euros por causa disto,” lamentou.

Apesar das dificuldades, as perspetivas são animadoras. “Sentimos um crescendo da procura da reparação e construção naval, sentindo que vêm anos bons,” adiantou Bruno Costa. “A área da defesa, assim como energias renováveis, vai implicar muito trabalho para estaleiros navais,” concluiu o dono da Atlantic Eagle.

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