Os Minta & The Brook Trout irão apresentar ao vivo em Lisboa, nesta quinta-feira, o seu quinto álbum intitulado “STRETCH”. Este é o primeiro trabalho em que o processo de composição e gravação se estende ao longo do tempo.

O álbum foi lançado no dia 5 de setembro deste ano. O primeiro single, “Cantaloupe”, foi divulgado em julho do ano passado, antes do disco estar finalizado, algo inédito para a musicista e compositora Francisca Cortesão, uma das fundadoras da banda.

“Nunca tinha feito isso de lançar uma música que faria parte de um disco que ainda não sabia como seria”, revelou em entrevista à Lusa.

Na época, quatro músicas já estavam gravadas, mas “Cantaloupe” era a única pronta para ser lançada.

“Quando soltamos a primeira canção, havia músicas que ainda não estavam escritas, outras estavam muito diferentes do resultado final. Eu realmente não sabia o que iria resultar. Acreditei que algo emergiria e que eu gostaria, mas não fazia ideia do que seria”, recordou.

Após o lançamento das outras três canções, a banda voltou ao estúdio para gravar mais quatro faixas.

“Nesse meio tempo, houve muitas adições e mudanças; até as cantoras convidadas [Shelley Short e Tamara Lindeman (The Weather Station)] se juntaram ao processo.”

Embora não seja um álbum conceitual, as oito canções de “STRETCH” possuem uma identidade comum que, segundo Cortesão, se reflete tanto nas suas letras quanto nos arranjos de todos os integrantes do grupo.

“As músicas que escrevo ao longo do tempo acabam revelando algumas temáticas similares. Há muitas canções sobre viajar e sobre o que passa pela cabeça enquanto se está em movimento ou caminhando”, comentou.

Além do processo criativo do álbum ter se estendido, a própria banda também passou por mudanças, com a adição de Afonso Cabral, que já acompanhava Minta & The Brook Trout em apresentações ao vivo desde a divulgação do álbum anterior, “Demolition Derby”, lançado em 2021, mas participou pela primeira vez nas gravações de um álbum.

Atualmente, o grupo também conta com Mariana Ricardo, Margarida Campelo e Tomás Sousa.

As letras das suas músicas são escritas exclusivamente por Francisca Cortesão, mas a parte musical envolve a colaboração de todos no grupo e, neste caso, também das convidadas.

“A Shelley Short e a Tamara Lindeman pegaram nas melodias que eu tinha e cada uma delas deu um toque especial, especialmente a da Weather Station. As ideias partem de mim, mas depois se transformam de maneiras que eu nunca imaginaría se fossem apenas minhas”, explicou Cortesão.

A cantora norte-americana Shelley Short faz parte da faixa “Please Make Room For Me Please”, que não foi composta pensando nela, mas na qual Cortesão achou que sua voz se encaixaria bem. “Convidei-a e ela aceitou imediatamente. Ela mora na Austrália e gravou lá, e quando vier à Europa faremos algo juntas”, disse.

A gravação com a canadense Tamara Lindeman ocorreu em Lisboa.

“Enviei um email convidando-a para participar de uma canção, e ela disse que precisaria ser presencialmente. Olhei para duas músicas que já havíamos gravado e senti que a voz dela complementaria uma delas [‘Born to be mild’]. A música ganhou uma nova vida com a participação dela”, comentou.

Durante uma visita à Europa para promover o disco de The Weather Station, Tamara Lindeman foi ao estúdio Louva-a-deus, fundado por Francisca Cortesão e Afonso Cabral, que também é o nome da editora que lançou “STRETCH”.

O show de lançamento do novo álbum de Minta & The Brook Trout está agendado para as 21h00 desta quinta-feira, no B.Leza.

Francisca Cortesão, natural do Porto e nascida em 1983, fez parte do grupo Casino antes de se apresentar como artista solo, sob o nome Minta, quando lançou o EP “You” em 2008. Ela já integrou as bandas de David Fonseca, Bruno Pernadas e Lena D’Água, e atualmente divide seu tempo entre Minta & The Brook Trout, Mão Verde, They’re Heading West e Mais Alto.

Além disso, escreve para outros artistas, como Cristina Branco e Ana Bacalhau, e realiza traduções de livros e filmes.