Fernanda e José Roxo, residentes em Santa Clara, no concelho de Coimbra, já tinham tido a oportunidade de experimentar os autocarros no domingo, durante os testes do SMM. Hoje, vieram mostrar os autocarros articulados ao neto Gonçalo, no início da operação preliminar. “Acredito que isso trará melhorias para a cidade”, afirma Fernanda, destacando a conveniência do serviço. José Roxo, por sua vez, espera que o SMM possa em breve operar até Serpins (Lousã) e a estação ferroviária de Coimbra-B. “Esperamos há muitos anos por isso”, comenta o casal, que está ansioso para não precisar mais de ir de carro a Miranda do Corvo e Lousã, locais que gostam de visitar.

O autocarro elétrico articulado, que circula em via dedicada, iniciou hoje sua operação preliminar entre a Portagem, na Baixa, e o Vale das Flores, com viagens gratuitas, até que a ligação a Serpins seja possível, o que se espera que aconteça antes do final do ano. A partir de sábado, 30 de agosto, a operação regular entre a estação da Portagem e o Vale das Flores (passando pelo Parque, Colégios, Arregaça, Norton de Matos, São José, Solum, Fernando Namora e Casa Branca) será realizada diariamente entre as 8h00 e as 20h00, incluindo fins de semana, com uma frequência de 15 minutos.

Numa das primeiras viagens do autocarro, que estava quase cheio, Nelson Almeida aproveitava para se deslocar da Baixa, onde mora, até a área do estádio. Morando na Baixa, onde o estacionamento “é complicado”, ele acredita que o SMM irá trazer “melhorias na mobilidade de Coimbra” e expressa satisfação com o serviço até agora. Para o engenheiro civil, a espera valeu a pena, ressaltando que as obras “foram até rápidas”, dada a sua complexidade. “É uma pena não ser o metro de superfície como estava previsto”, lamenta.

Gabriel, de 15 anos, viajou do Porto de propósito pela manhã, de comboio, para experimentar o novo sistema. “Está a ser uma experiência muito boa”, destaca o jovem, que desde pequeno tem atração por transportes coletivos e sonha em trabalhar na área de mobilidade. Após a viagem, ele planeja visitar a sede da Metro Mondego para tentar conseguir um pin de recordação para levar de volta ao Porto.

“Está a ser uma maravilha”, afirma João Santos, de 68 anos, que considera importante ver Coimbra “mudando e se modernizando, para não ficar estagnada”. Para este residente, a cidade agora “fica mais bonita” e o serviço será especialmente útil para deslocações ao hospital, cuja linha só deverá estar pronta em 2026.

Carlos Leitão, que foi motorista dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) durante 35 anos, aproveitou o tempo livre na cidade para experimentar o novo sistema, onde encontrou um ex-colega ao volante. “Gostei da experiência e é bom que continuem a investir e a garantir a manutenção disso”, comentou à agência Lusa o aposentado de 65 anos, que espera ser um futuro usuário do SMM. Para ele, o serviço “será importante para as pessoas de Coimbra, mas também para quem vem de Miranda do Corvo e Lousã”, lamentando somente a demora na implementação.

Maria do Carmo recorda os tempos em que ia ao trabalho em um autocarro dos SMTUC e ouvía os outros dizerem que “o Metro Mondego nunca iria dar certo”. “Eu pensava comigo: tenham calma, que ele virá”, relata ela à Lusa, lembrando que sua filha trabalha na Metro Mondego e que hoje fez “uma voltinha” para experimentar o novo serviço.

“Agora já não dá para dizer que não vem. Está à mostra”, acrescenta o marido, Jorge Freitas.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, esteve presente em Coimbra, acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal, José Manuel Silva, e pelo presidente da Metro Mondego, João Marrana, entre outros representantes e personalidades locais.

Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Metro Mondego, João Marrana, explicou que a nova ligação está pronta para ser operada, enquanto o trecho entre o Alto de São João e Serpins ainda aguarda a certificação do sistema de sinalização antes de ser colocado em operação.