O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho expressou, nesta quinta-feira, uma enorme satisfação com o que considera ser um “resultado muito bom” do PSD nas eleições autárquicas, após realizar um discurso em que fez alertas sobre a política económica do Governo.

“Estou muito contente com o resultado das eleições autárquicas, pois o meu partido, o PSD, obteve um excelente resultado, o que me deixa satisfeito”, declarou Passos Coelho aos jornalistas após a apresentação do livro “Introdução ao Liberalismo”, de Miguel Morgado, em Lisboa.

Sobre a derrota de Suzana Garcia, cuja candidatura recebeu seu apoio, na corrida à presidência da Câmara da Amadora, o ex-primeiro-ministro comentou que “foi por uma unha negra”.

“Espero que a candidata não desista, pois ela é uma força da natureza e, embora não sozinha, conseguiu um excelente resultado com apoios muito limitados. Isso deve fazer refletir aqueles que têm responsabilidades sobre o assunto”, observou.

Frente à insistência dos jornalistas em discutir outros tópicos, Passos Coelho respondeu que já havia exposto tudo o que tinha a dizer sobre política em seu discurso na apresentação do livro, garantindo: “Não me ouvirão tão cedo falar sobre nada”, após ter feito cinco intervenções públicas desde 25 de setembro.

No discurso, Pedro Passos Coelho criticou os governos do PS sob a liderança de António Costa por não terem implementado “uma reforma digna de jeito”. Ele mencionou que foram “oito anos de promessas vazias, dizendo às pessoas que teriam muito do que de fato não tinham. Claro, com o apoio do PCP e do BE. É uma delícia, mas com uma austeridade encoberta. Portanto, mentir às pessoas”, acusou.

O ex-primeiro-ministro afirmou que, durante esses anos de governo do PS, a “verdade não estava a ser dita” e apontou que isso é evidenciado atualmente pela “insuficiência dramática do investimento público” e pela situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Apesar de afirmar que não pretendia discutir os últimos anos de governo, Passos Coelho fez uma advertência sobre questões econômicas.

“O senhor ministro das Finanças é um homem muito competente e, portanto, eu acredito que ele tenha as contas muito bem equilibradas e que garanta que não voltaremos aos défices públicos e à dívida pública. Contudo, minha experiência de vida também mostra que há muitos fatores que fogem ao controle do ministro das Finanças”, destacou.

Em relação às questões que não dependem do ministro das Finanças, Passos Coelho prosseguiu: “as coisas não estão se encaminhando para o resultado desejado. Deveríamos estar nos preparando para aliviar o processo de desendividamento da economia, pois o que se observa na França, onde o Governo aceitou suspender o aumento da idade da reforma, não terá um desfecho positivo. O pensamento mágico tem uma durabilidade limitada”, alertou.

Ele admitiu que se pode argumentar que Portugal está em uma posição melhor, com “menos de 90% do rácio de dívida”.

“Sim, mas coloquem uma crise econômica em cima disso; para onde vai o rácio da dívida? Primeiramente, o denominador diminui, a despesa aumenta, e o que irá acontecer com o rácio da dívida? É muito rápido voltarmos a um rácio mais elevado”, alertou.

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