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Tudo o que José Mourinho compartilhou na sua chegada ao Benfica

Tudo o que José Mourinho compartilhou na sua chegada ao Benfica

Foi um José Mourinho “controlando as emoções” e demonstrando “grande maturidade” que se apresentou, esta quinta-feira, como treinador do Benfica, ao lado de Rui Costa.

Ele comentou sobre o retorno à Luz, 25 anos depois, sobre o período de eleições, sua carreira e o FC Porto. Confira tudo que o técnico disse na apresentação.

Discurso

Estou cheio de emoções, mas a experiência ajuda-me a controlá-las. Agradeço a confiança e a honra que sinto neste momento. Sendo português, não existe quem não conheça a história, a cultura e a dimensão da nação benfiquista e deste clube. Quero deixar claro: preciso ser capaz de bloquear essas emoções e ver o SL Benfica e meu trabalho de forma muito simples: sou o treinador de um dos melhores clubes do mundo. Quero me concentrar nesta missão e focar no prazer do trabalho de um treinador e na paixão que isso traz. Tenho 25 anos de carreira, mas não vim aqui para celebrar o passado. Queiro frisar que, como representante dos milhões de benfiquistas, nenhum dos outros grandes clubes com os quais trabalhei me fez sentir tanta honra, responsabilidade e motivação quanto ser treinador do Benfica. Palavras são passageiras, mas as atitudes permanecem. A promessa é clara: vou viver para o Benfica e para a minha missão. Saí de casa dizendo “até domingo”, o que significa que estarei aqui até domingo. É uma honra imensa. Minha experiência ajuda-me a controlar as emoções e gostaria de manter isso breve, pois em 48 horas temos um jogo, e para a nação benfiquista não há nada mais importante do que isso.

O que vai fazer para ganhar?

Na percepção de alguns, tenho dois currículos. Um que se estende por um período e outro que, em suas mentes, representa uma fase menos feliz da minha carreira. O que me entristece é que, nos últimos cinco anos, joguei duas finais europeias. Essa é a parte negativa da minha carreira. No entanto, não sou importante. Estou no Benfica em uma fase da minha carreira e também da minha vida. Todos nós mudamos e acredito que estamos evoluindo para melhor. Estou mais altruísta, menos egocêntrico e mais preocupado em fazer o bem aos outros. O Benfica é o que importa, assim como os adeptos, que são o coração do clube. Estou aqui para servir e ajudar o Benfica a ganhar. O DNA do Benfica é vencer, mas também inclui a maneira como se perde. Identifico-me profundamente com isso. O povo que ama o futebol deseja ganhar, mas também quer sentir-se parte do esforço, da mentalidade e do sacrifício. Nós, que somos privilegiados – treinadores e jogadores – temos a responsabilidade de representar todos os adeptos durante 90 minutos. Isso é algo que sempre levo para o campo. Tenho enorme respeito pela minha profissão e pelos adeptos, especialmente neste momento em que senti uma recepção extraordinária que quase me deixou desconfortável. O benfiquismo é palpável e emocionante. O que farei para ganhar? Queremos sempre vencer, mas não podemos ganhar em todas as ocasiões. Não podemos perder como perdemos recentemente. O Benfica é aquele que jogou contra o Fenerbahçe e que, mesmo em dificuldades, conseguiu um bom resultado. É essa a essência do Benfica que eu conheço e com a qual cresci. Quando não ganhamos, as pessoas ainda sentem que “nós perdemos para eles”. Isso reúne a emoção que precisamos. Tenho um jogo em 48 horas e encontrarei uma equipe em recuperação. Preciso apenas de uma leve intervenção. Não posso mudar tudo radicalmente; deve ser feito com calma. O primeiro passo é, portanto, trabalhar o aspecto emocional, sabendo que não somos apenas 11, mas milhões representados em campo. Isso é crucial, pois taticamente farei ajustes delicados, respeitando o trabalho realizado pelo meu antecessor, que bem fez muitas coisas.

Emoções

Eu realmente tento bloquear essas emoções. É essencial para mim. Estamos em duas fases distintas, não só na minha carreira, mas na minha vida. Estou em um momento de grande maturidade. Se alguém acha que vou encerrar minha carreira em quatro ou cinco anos, está enganado. Eu decidirei quando acabar, e só quando perder a paixão que sinto hoje. Ontem à noite, queria estar aqui, queria trabalhar e me reunir com a equipe técnica. Não foi possível vir antes do meio-dia de hoje. Não pretendo parar até sentir que algo mudou. Atualmente, sinto mais fome de sucesso do que há 25 anos. Hoje, penso muito mais nos outros – nos que amam o clube e nos que dirigem. Agora, sou o último da fila e estou aqui para servir. Aquele momento foi bem diferente, muitas vezes marcado pela imaturidade nas decisões. Estou extremamente feliz de estar aqui, sinto uma responsabilidade imensa e, mais do que nunca, estou vivo. É uma pena que o jogo seja em dois dias, pois não tenho muito tempo para trabalhar, mas ao mesmo tempo é bom. Tenho paixão por isso e isso é bastante intenso. E quero muito.

Consensual

Sinto que todos os benfiquistas estão felizes por eu estar aqui? Já antecipo: não acredito que isso seja possível. Quem tem o poder de agradar a todos? Não me sinto assim. No entanto, sinto a responsabilidade e a motivação para fazer coisas boas. Fazer coisas boas no Benfica significa, principalmente a nível nacional, conquistar títulos.

Eleições I

O contrato tem uma ética grande. Foi elaborado pela direção do Benfica, pelo presidente e meus representantes. Claro que só assinei o que concordava. A ética do contrato é admirável, respeitando as eleições e os consócios que concorram à presidência do clube. Isso me sensibilizou. Embora eu seja o treinador do Benfica no dia seguinte às eleições, a ética do contrato me deixa satisfeito. Desejo que as pessoas confiem em mim e estejam ao meu lado. Espero cumprir meu contrato com sucesso e que, ao final, o clube queira renová-lo. Meu objetivo é ter êxito, principalmente a nível nacional, ganhando competições.

Vontade

Uma coisa não mudou: estou ansioso para ganhar o próximo jogo. Há 25 anos estava ansioso, há 20 anos, 10 anos, cinco meses atrás e agora. Isso faz parte de mim. O que mudou é que hoje tenho mais maturidade e, no futebol, muito se torna um “déjà vu”. Raramente ocorre algo que eu não tenha enfrentado antes. Venho a um clube com uma estrutura técnica e humana de alta qualidade. As pessoas que trouxe comigo são ótimas, mas no segundo dia elas se tornam parte da equipe como um todo. Treinar um clube técnico e humano como o Benfica é fantástico.

Quatro ou cinco defesas

No meu clube anterior, jogar em uma linha de quatro era impossível devido às contratações. Adapto-me ao que existe. Se, em algum momento, posso influenciar o mercado, faço-o com a estrutura do clube. Contudo, quando não é possível, a adaptação é necessária, sem insistir em ideias que não se encaixam. Falei bem do plantel do Benfica e reitero isso. Fui perseguido ao chegar a Lisboa, e, embora eu esteja melhor, não sou um exemplo perfeito de fair play. Reconheço que o Benfica mereceu os parabéns pelas vitórias. O clube tem um bom elenco e bons jogadores. É algo que todos enfrentamos como treinadores. E, ao encontrarmos um novo caminho, precisamos lidar com a dor quando o trabalho é interrompido.

Quando chegou ao FC Porto prometeu ser campeão

Isso está relacionado ao que mencionei antes. As promessas têm seu peso. Na época eu prometi e cumpri, mas poderia não ter cumprido. Agora não farei promessas, mas acredito com firmeza que o Benfica tem todas as condições de ser campeão. Podemos perder mais pontos, mas começamos com uma base sólida. Não me escondo ao afirmar que o Benfica tem potencial para se sagrar campeão.

Contexto ideal

O contexto ideal para mim é treinar um dos melhores clubes do mundo. Minha carreira foi rica, e tive a oportunidade de trabalhar nos maiores clubes do mundo, em diferentes países. Cometi erros, mas não tenho arrependimentos; eu reconheço minhas decisões. Treinar o Benfica é retornar ao meu nível, que é estar entre os melhores.

O que diria ao José Mourinho de há 25 anos?

Eu diria ao José Mourinho de há 25 anos: “Fizeste tudo bem”. Minha carreira até agora se desenvolveu de maneira positiva. Cometi erros, mas as coisas, em geral, correram bem.

Ruído mediático

Sou forte em não me deixar afetar pelo ruído mediático. Me protejo. Não sou obcecado pelo que dizem sobre mim ou sobre minha equipe. Tento ignorar, sem desrespeitar o trabalho da mídia, pois é uma proteção pessoal. O que é dito não muda a minha vida. Falo com a equipe de comunicação, e pedi que apenas compartilhassem informações essenciais. Não preciso de detalhes diários, apenas de informações chave nos dias importantes. Essa é minha maneira de agir.

Receção no Dragão face à ovação da semana passada

Espero uma recepção diferente. A acolhida que recebi é normal, pois sou uma figura histórica do clube. Retornar após 20 anos foi algo marcante. Agora, como treinador do grande rival e com o objetivo de vencer, espero ser recebido de outra forma. Contudo, o respeito entre nós permanece, mesmo com toda a rivalidade.

Treinador defensivo

Com a posse da bola, precisamos atacar com todos e equilibrar bem. Sem a bola, devemos defender coletivamente, pois, na minha visão, o Benfica, nos últimos jogos, teve um empenho abaixo do esperado.

Eleições II

Não penso sobre isso. Minha missão é servir. Ao pensar em servir, você dá mais do que recebe. Estou totalmente focado nessa missão. Não estou pensando em meu passado ou passado interrompido; estou aqui para treinar e o tempo está passando.

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